segunda-feira, 26 de julho de 2010

Um pouquinho da mulher nossa de cada dia.

Há 50 anos a mulher estava destinada a se casar e a ficar em casa cuidando dos filhos, cerca de 10 anos depois, no fim dos anos 60, a mulher precisava provar independência e lutava pela igualdade no mercado de trabalho. Nos dias atuais, a mulher conquistou uma gama de reconhecimentos, entre eles o de escolher entre ser apenas administradora de sua casa e conquistar uma carreira profissional. Veja que eu já não me refiro a mulher como dona de casa, mas como administradora do lar.

Ficar em casa para cuidar dos filhos não é mais visto como um desprestígio. Depois de todas as conquistas alcançadas, a mulher está percebendo que há muito valor em acompanhar o crescimento dos filhos ou se dedicar mais à família, sem que isso seja percebido como machismo do marido.

Foi-se o tempo em que ser dona de casa era o equivalente a ser escrava dos desejos do marido e dos filhos. Porém, optar por seguir uma carreira significa abrir mão de momentos especiais dos nossos filhos e outras vezes com o nosso marido. Apesar de todos os reconhecimentos e de todas as conquistas que a mulher obteve durante todos esses anos, o fato é que no mundo dos homens o espaço conquistado pelas mulheres, ainda, tem um preço alto.

Precisamos nos empenhar para exercermos bem as atividades profissionais, domésticas, maternas, de esposa, amiga e, principalmente, para sermos nós mesmas. Muitas vezes precisamos assumir compromissos e responsabilidades profissionais e nestes momentos abrimos mão de compromissos, momentos e responsabilidades com nossa família. Quem nunca precisou faltar a uma reunião de pais e educadores, ou cancelar aquele cinema, sorvete ou pizza, combinado há semanas, por sua profissão?

Quando você conta com alguém em que possa dividir estas responsabilidades e compromissos com você, o marido, a vovó ou a própria babá, pode-se considerar uma pessoa de sorte, dado que estas pessoas irão suprir um pouco da sua ausência na vida de seus filhos e nunca na do seu marido. No entanto, mesmo dentro desta realidade você, enquanto mãe ausente e preparada desde as mais primórdias origens para esta função, sentir-se-á carente de seus entes queridos. E nada poderá suprir essa carência, a não ser momentos únicos entre a mãe e os filhos ou entre o marido e a esposa.

Esses momentos devem ser administrados, mesmo em nossas agendas, para que não se percam e no final, quando você se aposentar e voltar para casa, não encontre estranhos. Isso acontece muito, mesmo quando a mulher esta em casa cuidado dos seus filhos. A mulher muitas vezes dedica-se tanto ao que faz que no final acaba descobrindo que perdeu algo no caminho. Posso citar o clássico exemplo da mãe dedicada que quando os filhos saem de casa, ela olha para o marido com quem esta casada a mais de 30 anos e encontra um estranho. Pois, durante 25 anos dedicou-se a cuidar e preocupar-se com os filhos.

Eu participei da sensação de ver o filho tão amado indo embora de casa no desenho animado Toy Story 3, acompanhei esta trilogia juntamente com meus dois filhos, assisti tantas vezes que cheguei a decorar as falas. O último filme fui assistir no cinema com o meu caçula de 3 anos, a segunda vez que ele iria ao cinema, estava todo animado, com o tamanho da tela, o barulho, os óculos, etc. Ficamos os dois parados de boca aberta para a tela do cinema, não falávamos, não olhávamos nem de lado, ansiosos por todos os detalhes. Senti-me com 5 anos de idade, só pensava na pipoca e em como o Wood iria salvar seus amigos. No final do filme, eu já nem me lembrava do meu bebê ali do lado vivendo uma experiência tão marcante. Tudo o que vi foi quando ele se levantou e parou chocado olhando para a mãe se acabando em lágrimas com a saída de Andy de casa para a Universidade.

Parecia que era o meu próprio filho deixando o aconchego do nosso lar para caminhar com as próprias pernas. Essa sensação tão especial toda mãe sentiu ou irá sentir em algum momento de sua vida, provavelmente irá chorar feito eu naquele cinema vedo Toy Story 3. Mas, o que o desenho não mostrou, eu quero deixar registrado aqui: “a vida continua”. Nós com a nossa pacata e feliz vidinha e nossos filhos com todas as perspectivas que a vida oferece.

No trabalho não há diferença, pois nos dedicamos por 30 anos ou mais e ao voltamos para casa darmos de cara com um vazio, todos estão ocupados e você não faz mais parte da vida deles. Os filhos têm seus compromissos, ou até filhos, o marido esta na frente da televisão ou no computador. Neste momento os terapeutas dão pulinhos de alegria, pois eles terão muito trabalho pela frente. Geralmente, entramos em uma depressão enorme, que nos consome e refletimos como não deveria ter feito ou como poderíamos ter feito. O fato é que está reflexão deve ser feita agora, a pergunta que devemos nos fazer é: eu estou conquistando espaços na vida de minha família ou estou encontrando-os apenas em eventos familiares?

Muitas vezes nos dedicamos intensamente na execução destes eventos, que os tornamos mais importante que os demais. Talvez, os eventos familiares sejam de fato importantes, porém não mais que chorar no cinema na frente de seu filho de 3 anos. Esses pequenos momentos exclusivos são únicos, meu filho pode até esquecer o meu choro, mas, com certeza, lembrará de ter ido assistir no cinema com sua mãe a continuação da trilogia que tanto adora.

Não pretendo aqui minimizar a importância da reunião familiar. A família, não só nossos filhos e marido, mas os parentes próximos, avôs, tios, sobrinhos, etc., são as pessoas mais importantes de nossas vidas. A importância de mantê-los próximos a nos, talvez não seja clara em um primeiro momento, mas o será à longo prazo.

2 comentários:

  1. Saudade imensa de vocês! Que Deus abençoe a todos! Grande beijo para você Polyana, para o Wagner e para as meninas do escritório.

    ResponderExcluir
  2. Polyana, gostei muito do seu blog, tanto que agora sigo ele, mas queria pedir se você poderia ver o meu também, e se gostar, seguir ele... Por favor.
    Obrigada.
    Aline.

    ResponderExcluir